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Por Henrique Estrada
Edição Marcelo Valladão
A eletrificação dos veículos como um avanço tecnológico e principalmente ambiental é pauta em todas as discussões de mobilidade. Em relação ao transporte público de passageiros não é diferente e, quando se fala em ônibus, tem-se buscado estudar também outras matrizes energéticas limpas, sustentáveis e eficientes.
A prefeitura de São Paulo colocou em operação cerca de 50 ônibus elétricos, no final do ano passado, como início de um programa de modernização da frota. As empresas têm sinalizado, principalmente, que é preciso ter infraestrutura adequada para essa mudança do combustível fóssil para a energia elétrica.
No início de novembro de 2023, a capital e várias outras cidades do estado sofreram um apagão, devido a um temporal, que deixou pelo menos 2,1 milhões de pessoas sem energia.
Considerada a maior operadora de ônibus elétrico a bateria em São Paulo, são hoje 44 veículos operando, a Transwolff conversou com a Rádio Ônibus, parceira da Revista Sou + Ônibus.
A empresa foi a única que conseguiu manter a operação, mesmo durante a crise de energia, no final do ano passado. “Nós tivemos esse apagão, mas nosso elétrico não parou de operar. A questão é infraestrutura, expertise. E eu quero dizer que não se pode cobrar das empresas de São Paulo que tenham, imediatamente, uma infraestrutura como a da Transwolff. Isso demanda tempo, tecnologia, investimento, abrange a Enel, a SPTrans, a Prefeitura, não é simples”, conta, em entrevista, o presidente da empresa, Luiz Carlos Efigênio Pacheco.
“Todas as empresas vão chegar a esse nível de infraestrutura, em algum momento. Pensar que vamos ter falta de energia em um país chamado Brasil, é meio difícil. Hoje se fala mais em saúde ambiental do que em guerra no mundo. Falar que o Brasil não tem condição de fornecer energia para ônibus elétrico significa que alguma coisa precisa ser repensada. Agora, como fazer, compete a quem está nas cadeiras do poder decidir”, disse ele.
A Transwolff, empresa que atua no transporte de passageiros no sul da área metropolitana de São Paulo, se reuniu com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e técnicos da SPTrans para traçar planos de investimento na eletrificação de sua frota. A ação faz parte do processo de evolução do sistema de transporte da empresa com inclusão de mais de 300 novos ônibus elétricos que utilizarão a bateria da Eletra. Desse total, 70 vão operar ainda este ano, e há 19 ônibus da BYD operando na Transwolff.
SPTrans realizou na empresa o projeto-piloto
Carlos Wagner, gerente de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica da SPTrans, explicou por que a empresa foi escolhida em 2018 para o início das operações com ônibus elétricos. “Nós tínhamos a necessidade de implantar uma frota assim para dominarmos um pouco mais essa tecnologia e termos um retorno sobre o seu comportamento. Em 2018, em contato com a BYD e com a Secretaria de Transporte, estabelecemos alguns requisitos para que a garagem pudesse operar esse tipo de veículo e escolhemos, por exemplo, uma linha próxima da estrutura de energia elétrica, com 25 ou 30km, para realizar um alto ciclo de carga e descarga das baterias e sem necessidade de um grande investimento em infraestrutura para atender a um número considerável de passageiros”, afirma ele.
Outro ponto ressaltado foi a condição de haver a possibilidade de substituição por veículos a diesel em caso de algum problema. Entre as empresas elegíveis, a Transwolff foi escolhida, até pela proximidade de uma estação transformadora de distribuição de energia. A linha escolhida foi a 6030-10 (Unisa – Terminal Santo Amaro), pelo trajeto e pelas características do ciclo de carga e descarga das baterias, a fim de testar esse processo.
“A concessionária de energia foi consultada para saber se haveria algum problema no fornecimento de energia, quais os indicadores de disponibilidade energética”, explica Carlos. O técnico conta que diversos fabricantes puderam testar seus veículos nessa linha-piloto.
Os dados obtidos são utilizados como referência na implantação do sistema de ônibus elétrico na capital paulista.
Baterias
Sobre as baterias, o técnico aponta que têm uma longevidade grande e que, após os ciclos entrarem em 75% da capacidade de carga, em média, elas são destinadas para a estocagem de energia e retiradas dos veículos. “Em 2013, tive oportunidade de ver isso na própria BYD, na China, a primeira geração delas era retirada dos veículos e iam para o que chamam de fazenda solar, uma área com vários painéis fotovoltaicos que captam energia solar, a transformam em energia elétrica e novamente recarregam as baterias dos veículos, inclusive mantendo as instalações administrativas da BYD durante a noite, com aparelhos de ar-condicionado e tudo o mais”, conta ele.
“O valor agregado da bateria é muito alto, não é uma vida útil de apenas oito anos, mas de 20 ou 25 anos, pois tem essas aplicações em estocagem de energia”, conclui.
Paulo Lima, diretor de Novas Tecnologias da Transwolff, apresentou o “arsenal” de carregadores da empresa, com oito carregadores duplos (carregamento simultâneo de dois veículos), da Enel X, dentro de um total de 31 carregadores, dos quais 15 da BYD, que trabalham com corrente alternada. “Essa é a mais nova tecnologia, serve tanto para dois ônibus ou veículos de passeio. A solução de abastecimento para a frota da Transwolff está resolvida com o carregamento de 16 ônibus simultâneos, isso é feito durante a noite. Eventualmente, há necessidade de recargas durante o dia também, se é uma linha que tem horário muito longo”, diz ele.
A empresa capacitou uma equipe específica para essa operação e mantém contato com a Enel para que não haja nenhum imprevisto. “A Enel tem ajudado muito na parceria com a empresa.”
A previsão é chegar a quase 70 veículos até o fim de 2024. Na próxima edição (44) da Revista Sou + Ônibus, a entrevista completa com o presidente da Transwolff, falando detalhes da história e do momento da empresa.
Publicado por: Carlos Henrique Rodrigues dos Santos
13 de março de 2024
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