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Dia Mundial Sem Carro reforça urgência de fortalecer transporte público, afirma NTU

Dia Mundial Sem Carro reforça urgência de fortalecer transporte público, afirma NTU

Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, NTU

 

Por Francisco Christovam, diretor-executivo da NTU e vice-presidente da FETPESP

 

O Dia Mundial Sem Carro, celebrado em 22 de setembro, é mais do que uma data simbólica na qual as pessoas são convidadas a deixar o carro ou a moto em casa e usar o transporte coletivo. Para a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), trata-se de um chamado à ação para transformar a mobilidade urbana brasileira e recolocar o transporte coletivo no centro das políticas de mobilidade sustentável.

 

Durante o Seminário Nacional NTU 2025, realizado no mês passado em Brasília, especialistas apontaram que o transporte coletivo é essencial para reduzir congestionamentos, emissões de carbono e desigualdades sociais. O evento reforçou que o novo marco legal do transporte público coletivo urbano, já aprovado no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados, é condição indispensável para garantir segurança jurídica, ampliar investimentos, melhorar a qualidade do serviço e assegurar a sustentabilidade do setor.

 

Entre os desafios apontados pela NTU, está o crescimento do transporte individual, que pressiona a infraestrutura urbana e aumenta os custos sociais e ambientais. “Defendemos que o transporte coletivo volte a ser o modo preferencial de deslocamento, respondendo por mais de 50% das viagens motorizadas na matriz de mobilidade urbana. Se o transporte individual ultrapassar definitivamente o transporte coletivo, teremos o caos no trânsito e na qualidade de vida nas cidades”, alerta Francisco Christovam, diretor-executivo da NTU.

 

Christovam lista alguns dos principais atributos positivos do transporte coletivo:

É mais seguro para o passageiro – os ônibus urbanos respondem por menos de 1% das vítimas fatais no trânsito, segundo dados do Ministério da Saúde;

 

Polui menos – um ônibus polui, em média, oito vezes menos que um carro por passageiro transportado, mesmo usando combustíveis fósseis;

 

Ocupa menos espaço – um ônibus padrão pode transportar o equivalente à média de pessoas transportadas por 40 carros, usando um espaço quase 20 vezes menor, o que libera espaço nas vias e reduz congestionamentos;
 

Permite deslocamentos mais rápidos, onde houver priorização – nos casos em que dispõe de faixas, corredores exclusivos e sistemas BRT, os ônibus podem oferecer viagens mais rápidas durante os horários de pico, em relação à média do trânsito;

 

Reduz desigualdades sociais – o transporte público coletivo é um serviço essencial e um direito social, previsto na Constituição; ônibus têm tarifas módicas (ainda mais onde há subsídios aos passageiros), operam com regularidade; e oferecem acesso universal, permitindo à toda a sociedade o exercício do direito fundamental de ir e vir. “O transporte coletivo permite o uso mais democrático do espaço urbano”, conclui Christovam.

 

Marco legal

 

O Projeto de Lei 3278/21, que institui o novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo Urbano, define novas regras e uma nova divisão de responsabilidades entre União, estados e municípios em relação ao transporte público, incluindo um novo modelo de financiamento do setor, com a separação entre tarifa pública (paga pelo passageiro) e remuneração (que cobre os custos da operação). Hoje, 415 cidades já utilizam subsídios para o transporte coletivo, conforme prevê a Política Nacional de Mobilidade Urbana.

 

O novo marco também traz mais segurança jurídica ao setor, favorecendo novos investimentos e contratos mais equilibrados. “Sem o marco legal, seguimos convivendo com incertezas que comprometem a capacidade de planejamento e o financiamento do transporte coletivo. É preciso avançar, tornar o serviço mais atrativo para que as pessoas possam migrar ou retornar para o transporte público”, afirma Christovam.

 

No campo da infraestrutura, a prioridade, segundo a NTU, é a ampliação do tratamento preferencial ao transporte coletivo nas vias, garantindo maior fluidez, integração e atratividade ao sistema.

 

Brasília e Goiânia

Brasília e Goiânia foram destaques no Seminário NTU, como exemplos de cidades que adotaram políticas inovadoras de inclusão e sustentabilidade em mobilidade, sendo as primeiras cidades brasileiras a recuperarem o nível de passageiros transportados registrado antes da pandemia.

 

Contribuiu para isso o aumento da oferta de viagens e o nível de subsídio ao passageiro. Outro diferencial foi a manutenção da oferta de serviços durante toda a pandemia, medida decisiva para a recuperação da demanda.

 

“O Dia Mundial Sem Carro nos lembra que cidades mais humanas e sustentáveis dependem de um transporte público forte, acessível e financiado de forma justa. Essa é a essência do Marco Legal do Transporte Coletivo”, reforça Christovam.

Publicado por: Revista Sou + Ônibus

23 de setembro de 2025